quinta-feira, 13 de maio de 2010

RODA DE LEITURA



Sábado dia 15/05/2010 com início às 17:30h

A “Roda” é destinada aos membros/praticantes do Dojo e está aberta também aos que não são membros. A todos solicitamos a gentileza de confirmarem presença com antecedência através de e-mail endereçado ao cazazen@gmail.com
Para os que não possuem o livro segue texto abaixo.

XI. A Velhice


146


O que querem dizer esses risos, esta festa,

Quando o mundo continua a queimar?

Encobertos pelo véu das sombras, não buscam a luz?


147


Vês esta boneca de carne, agora uma massa de feridas,

Um monte de órgãos roídos pela doença,

A matriz de tantos projetos,

Da qual nada sobrevive, onde tudo está disperso.


148


Este corpo decrépito, um ninho de doenças, efêmero,

Um monte de podridão se decompondo:

Sim, a morte* é verdadeiramente o fim da vida.


149


Esses ossos esbranquiçados, como abóboras secas jogadas no outono,

Em sua visão, que prazer experimenta?


150


Essa cidadela é feita de ossos, revestida de carne e sangue.

Declínio, morte, vaidade, mentira,

Eis o que ela abriga.


151


Mesmo os carros reais ricamente decorados

Terminam em ruínas.

Assim sucede também ao corpo humano.

Mas a lei moral, ela é eterna,

Pois os homens de bem a transmitem aos homens de bem.


152


O homem de pouca instrução cresce como um boi.

Seus músculos se desenvolvem, sua sabedoria* não.


153


Durante muito tempo vaguei no samsara*, de nascimento em renascimento*,

Buscando sem encontrar o arquiteto da casa.

É doloroso, o ciclo sem fim das reencarnações!


154


Ô arquiteto! Você foi descoberto. Não construirás mais casas doravante.

Tuas traves cederam, sua viga mestra deslocou.

Meu espírito* atingindo o incondicionado*, realizou a extinção dos desejos*.


155


Aqueles que não levaram uma vida ascética*,

Nem adquiriram riquezas em sua juventude,

Estão condenados a morrer

Como velhas garças às margens de um lago sem peixes.


156


Aqueles que não levaram uma vida ascética*,

Nem adquiriram riquezas em sua juventude,

Estão condenados a permanecer como arcos quebrados,

Suspirando em lamento pelo seu passado.



XII. O Ego


157


Se tomarmos conta de nós mesmos, devemos colocar-nos sob vigilância.

Durante um ao menos dos três estágios de vida*, o sábio permanecerá atento.


158


Devemos nos estabelecer no caminho

Antes de instruir os outros.

O sábio que dá exemplo exime-se das faltas (evita censuras).


159


É necessário conformar nossa conduta ao que ensinamos.

Quando se está totalmente dominado, pode-se liderar outros.

Pois controlar a si mesmo, é coisa difícil.


160


Nós somos nosso próprio mestre: que outro poderia haver?

Quando sabemos bem nos controlar,

Dispomos em nós mesmos de um mestre que é raro de encontrar.


161


Por si mesmo o mal é cometido.

Ele nasce e tem sua causa em si mesmo.

O mal corta o insensato, como um diamante uma pedra dura.


162


Como uma trepadeira estrangulando a árvore que circunda,

O homem excessivamente malévolo é, contra si mesmo,

O artesão daquilo que seus inimigos lhe desejam.


163


Fazer o mal é prejudicial a si mesmo,

Isto é fácil.

Mas é muito difícil fazer a si mesmo o que seria bom e proveitoso.


164


O homem mal que adere a concepções erradas.

E despreza o ensinamento dos arahats*, dos Ariyas* e dos justos,

Traz consigo, como a Katthaka* o fruto de sua própria destruição.


165


É por si mesmo que o mal é cometido e que nos tornamos impuros,

É por si mesmo que o mal é evitado e que nos purificamos.

Por nós mesmos somos puros ou impuros. Por nenhum outro podemos ser purificados.


166


Por maior que seja a causa de outrem,

Não devemos, por ela, negligenciar nossa própria parte.

Que comecemos a bem discernir

E que em seguida nos apliquemos com firmeza.



XIII. O Mundo


167


Não siga a via baixa.

Não viva na indolência*.

Não se apegue as falsas concepções.

Não sustente o mundo.


168


Levante-se! Mande embora a negligência*!

Siga a via reta.

Quem pratica a lei moral

Viverá feliz nesse mundo e no outro.


169


Segue a via reta.

Não siga a via incorreta, falsa.

Quem pratica a lei moral

Viverá feliz nesse mundo e no outro.


170


Aquele que olha o mundo como se ele não fosse

Senão uma simples bolha d’água ou uma pobre miragem,

O Rei da morte não o vê.


171


Venha ver este mundo, ornado como uma carruagem real.

Onde os tolos estão enredados,

Mas ao qual os sábios não estão presos.


172


Aquele que abandonou a indolência para tornar-se vigilante*

É semelhante a lua escapando das nuvens,

Ele ilumina o mundo.


173


Aquele que devido a boas ações apaga os danos causados

É semelhante à lua escapando das nuvens,

Ele ilumina o mundo.


174


Opaco é este mundo.

Raros são os clarividentes.

Raros são aqueles que vão aos céus*,

Tão raros como aves que escapam das redes.


175


Os gansos selvagens seguem a trilha do sol,

Alçados aos ares por seus poderes mágicos,

Vencedores de Mara* e de seu exército,

Os sábios voam para fora deste mundo.


176


Não há mal que não possa cometer

Aquele que transgride um único princípio, que mente,

E que é indiferente a outro mundo.


177


Os ávaros não irão ao mundo dos deuses*.

Os ignorantes, na verdade, não apreciam a generosidade.

O sábio, alegra-se em doar, e ele viverá

Feliz após sua morte.*


178


Melhor entrar na corrente* que conduz à libertação,

Do que dominar a terra inteira,

Renascer* nos céus*,

Ou tornar-se mestre da totalidade dos mundos.