Sábado dia 15/05/2010 com início às 17:30h
Para os que não possuem o livro segue texto abaixo.
XI. A Velhice
146
O que querem dizer esses risos, esta festa,
Quando o mundo continua a queimar?
Encobertos pelo véu das sombras, não buscam a luz?
147
Vês esta boneca de carne, agora uma massa de feridas,
Um monte de órgãos roídos pela doença,
A matriz de tantos projetos,
Da qual nada sobrevive, onde tudo está disperso.
148
Este corpo decrépito, um ninho de doenças, efêmero,
Um monte de podridão se decompondo:
Sim, a morte* é verdadeiramente o fim da vida.
149
Esses ossos esbranquiçados, como abóboras secas jogadas no outono,
Em sua visão, que prazer experimenta?
150
Essa cidadela é feita de ossos, revestida de carne e sangue.
Declínio, morte, vaidade, mentira,
Eis o que ela abriga.
151
Mesmo os carros reais ricamente decorados
Terminam em ruínas.
Assim sucede também ao corpo humano.
Mas a lei moral, ela é eterna,
Pois os homens de bem a transmitem aos homens de bem.
152
O homem de pouca instrução cresce como um boi.
Seus músculos se desenvolvem, sua sabedoria* não.
153
Durante muito tempo vaguei no samsara*, de nascimento em renascimento*,
Buscando sem encontrar o arquiteto da casa.
É doloroso, o ciclo sem fim das reencarnações!
154
Ô arquiteto! Você foi descoberto. Não construirás mais casas doravante.
Tuas traves cederam, sua viga mestra deslocou.
Meu espírito* atingindo o incondicionado*, realizou a extinção dos desejos*.
155
Aqueles que não levaram uma vida ascética*,
Nem adquiriram riquezas em sua juventude,
Estão condenados a morrer
Como velhas garças às margens de um lago sem peixes.
156
Aqueles que não levaram uma vida ascética*,
Nem adquiriram riquezas em sua juventude,
Estão condenados a permanecer como arcos quebrados,
Suspirando em lamento pelo seu passado.
XII. O Ego
157
Se tomarmos conta de nós mesmos, devemos colocar-nos sob vigilância.
Durante um ao menos dos três estágios de vida*, o sábio permanecerá atento.
158
Devemos nos estabelecer no caminho
Antes de instruir os outros.
O sábio que dá exemplo exime-se das faltas (evita censuras).
159
É necessário conformar nossa conduta ao que ensinamos.
Quando se está totalmente dominado, pode-se liderar outros.
Pois controlar a si mesmo, é coisa difícil.
160
Nós somos nosso próprio mestre: que outro poderia haver?
Quando sabemos bem nos controlar,
Dispomos em nós mesmos de um mestre que é raro de encontrar.
161
Por si mesmo o mal é cometido.
Ele nasce e tem sua causa em si mesmo.
O mal corta o insensato, como um diamante uma pedra dura.
162
Como uma trepadeira estrangulando a árvore que circunda,
O homem excessivamente malévolo é, contra si mesmo,
O artesão daquilo que seus inimigos lhe desejam.
163
Fazer o mal é prejudicial a si mesmo,
Isto é fácil.
Mas é muito difícil fazer a si mesmo o que seria bom e proveitoso.
164
O homem mal que adere a concepções erradas.
E despreza o ensinamento dos arahats*, dos Ariyas* e dos justos,
Traz consigo, como a Katthaka* o fruto de sua própria destruição.
165
É por si mesmo que o mal é cometido e que nos tornamos impuros,
É por si mesmo que o mal é evitado e que nos purificamos.
Por nós mesmos somos puros ou impuros. Por nenhum outro podemos ser purificados.
166
Por maior que seja a causa de outrem,
Não devemos, por ela, negligenciar nossa própria parte.
Que comecemos a bem discernir
E que em seguida nos apliquemos com firmeza.
XIII. O Mundo
167
Não siga a via baixa.
Não viva na indolência*.
Não se apegue as falsas concepções.
Não sustente o mundo.
168
Levante-se! Mande embora a negligência*!
Siga a via reta.
Quem pratica a lei moral
Viverá feliz nesse mundo e no outro.
169
Segue a via reta.
Não siga a via incorreta, falsa.
Quem pratica a lei moral
Viverá feliz nesse mundo e no outro.
170
Aquele que olha o mundo como se ele não fosse
Senão uma simples bolha d’água ou uma pobre miragem,
O Rei da morte não o vê.
171
Venha ver este mundo, ornado como uma carruagem real.
Onde os tolos estão enredados,
Mas ao qual os sábios não estão presos.
172
Aquele que abandonou a indolência para tornar-se vigilante*
É semelhante a lua escapando das nuvens,
Ele ilumina o mundo.
173
Aquele que devido a boas ações apaga os danos causados
É semelhante à lua escapando das nuvens,
Ele ilumina o mundo.
174
Opaco é este mundo.
Raros são os clarividentes.
Raros são aqueles que vão aos céus*,
Tão raros como aves que escapam das redes.
175
Os gansos selvagens seguem a trilha do sol,
Alçados aos ares por seus poderes mágicos,
Vencedores de Mara* e de seu exército,
Os sábios voam para fora deste mundo.
176
Não há mal que não possa cometer
Aquele que transgride um único princípio, que mente,
E que é indiferente a outro mundo.
177
Os ávaros não irão ao mundo dos deuses*.
Os ignorantes, na verdade, não apreciam a generosidade.
O sábio, alegra-se em doar, e ele viverá
Feliz após sua morte.*
178
Melhor entrar na corrente* que conduz à libertação,
Do que dominar a terra inteira,
Renascer* nos céus*,
Ou tornar-se mestre da totalidade dos mundos.