Sobre textos budistas
Um dos traços marcantes da tradição budista é a imensa produção literária através dos séculos; e por isso uma lista de textos básicos pode variar de lugar a lugar, e mesmo de pessoa a pessoa. Nesse meridiano de povos americanos, do Alasca à Patagônia, onde o Dharma floresce há menos de um século apenas, a produção literária, com vocabulário próprio, com metáforas culturalmente compreensíveis e traduções dos cânones nas línguas locais, apenas iniciou. Algumas obras escritas neste novo contexto, entretanto, já são referências básicas unânimes. Uma delas, da tradição Zen, é o livro de Shunryu Suzuki, Mente Zen, Mente do Principiante; e a esta estão sendo acrescidas outras tantas.
Um dos traços marcantes da tradição budista é a imensa produção literária através dos séculos; e por isso uma lista de textos básicos pode variar de lugar a lugar, e mesmo de pessoa a pessoa. Nesse meridiano de povos americanos, do Alasca à Patagônia, onde o Dharma floresce há menos de um século apenas, a produção literária, com vocabulário próprio, com metáforas culturalmente compreensíveis e traduções dos cânones nas línguas locais, apenas iniciou. Algumas obras escritas neste novo contexto, entretanto, já são referências básicas unânimes. Uma delas, da tradição Zen, é o livro de Shunryu Suzuki, Mente Zen, Mente do Principiante; e a esta estão sendo acrescidas outras tantas.
O Dojô Kzazen sugere (abaixo) uma lista de textos para aqueles e aquelas que queiram começar a prática do Caminho, o Darma de Buda, seguindo a tradição Soto do Zen Budismo japonês. Esta lista nem de longe é exaurível ou completa. Está disposta em uma ordem tal que os primeiros textos refletem os ensinamentos da tradição Soto. Depois seguem livros que contêm os elementos gerais do budismo: o budismo primitivo, incluindo as quatro verdades e o caminho óctuplo; a história do Buda Shakiamuni; alguns ensinamentos básicos sobre meditação; desenvolvimento da noção de compaixão búdhica; sobre o vazio; sobre a impermanência e a postura mental de shikantaza, a mente flexível. Nessas referências, os leitores encontrarão várias citações aos textos originais; aqui incluímos apenas alguns: o Zuimonki, o Sutra do Lótus e o Caminho do Bodhissattva.
Seguindo em paralelo ao extraordinário Shoboguenzo, do Mestre Eihei Dogen, o Zuimonki consiste em uma coletânea de palestras reunidas por Ejo Zenji, o principal discípulo e organizador da obra de Dogen (século XIII). A escrita manteve o tom coloquial das palestras, mas nem por isso o texto é menos formal e profundo. Nas palavras do Mestre Ryotan Tokuda em seu valoroso prefácio à tradução para o português do Monge Marcos Beltrão Ryokyu , “Este livro é mais fácil de ser lido e compreendido. Aqui ele [Dogen] fala de maneira carinhosa e detalhada sobre a prática e o espírito para aquele que quer treinar o Caminho”. O Sutra do Lótus, o outro clássico, é um texto fundador-inspirador do Budismo Zen Japonês. De fato, é o substrato espiritual de Dogen (é o Sutra mais citado no Shobogenzo) e Hakuin (o grande Mestre da Escola Rinzai, que declarou ter tido uma experiência profunda de iluminação com a leitura do Sutra do Lótus). As metáforas no Lótus só podem ser apreciadas com leituras, releituras e muita prática. Por último, neste pequeno grupo de textos clássicos, está o livro de Shantideva, o famoso Bodhicaryavatara: todo em verso, seguindo a tradição oral, este é um texto sofisticado, e a leitura também não é simples; mas é uma obra prima do melhor da criatividade e percepção humana. Vale tentar iniciar a leitura pelo menos pela beleza da composição poética.
Outros textos estão dispostos. Um trata sobre a questão da ética; tema muito apropriado para os tempos atuais. No cânone budista isto é sempre direcionado ao Abhidharma Sutra. Aqui listamos o conhecido livro do XIV Dalai Lama. Outro assunto também de interesse é a psicologia budista, sobre a qual existe outra vastidão de textos. A nossa sugestão é o livro do Mestre Ryotan Tokuda: fluido e sempre remetendo-se a elementos culturais ocidentais viabiliza a leitura. Mestre Tokuda também escreveu sobre a pobreza: um aspecto fundamental do budismo. Outra temática, considerada com cuidado no Dojô Kzazen, é a questão da boa alimentação, sem a qual não pode haver mente saudável, e portanto boa prática. No Zen, este tipo de culinária, vegetariana, chama-se Shojin, e um dos textos de referência histórica é o Tenzo Kyokun (Instruções ao Cozinheiro Zen) de Eihei Dogen, tratando da preparação dos alimentos e da postura do responsável pela cozinha nos mosteiros, o Tenzo. A indicação de leitura é o delicado e bem escrito livro da Monja Magda Gyoku En, O Zen na Cozinha: Princípios da Culinária Shojin, que abre com um tocante prefácio da Abadessa do Centro Zen de Los Angeles, Roshi Wendy Egyoku Nakao.
Sobre a história e relatos do budismo no Brasil, incluímos um artigo de Rafael Shoji e um livro recente sobre a linhagem do Mestre Tokuda no Brasil, Amigos do Tokudinho, que inclui depoimentos de discípulos, simpatizantes e praticantes sobre suas vivências junto ao Mestre.
Na e-rede existe uma quantidade grande de textos traduzidos, parcialmente ou na íntegra, para línguas ocidentais; além de muitos artigos. Listamos ao final alguns desses endereços eletrônicos. Vale ressaltar aqui o sítio do Monge Marcos Beltrão Ryokyu, que talvez foi o primeiro a traduzir para o português e a disponibilizar gratuitamente diversos textos budistas.
Algumas observações finais são apropriadas aqui.
· Sobre os textos budistas: sem a prática persistente e acurada nos três tempos, como proclamava Mestre Dogen, é impossível depreender um só ensinamento do Dharma de Budha.
· O Dharma é uma das Três Joias do budismo: como tal, deve ser tratado com respeito e reverência.
· Aqueles que praticam a tradição Soto do budismo Zen, devem fazer esforço para estudar o Shobogenzo, de Mestre Dogen. Esta é uma leitura que acompanha e se funde com a prática. O Shobogenzo é um desses livros que se atravessa a vida lendo. Os Capítulos Bendowa e Fukanzazengi tratam de aspectos básicos sobre o zazen, e são dirigidos pricipalmente àqueles começam a prática do caminho. O Shobogenzo é um dos mais impressionantes livros da literatura mundial, e Mestre Dogen, para além dos círculos budhistas, tem sido considerado por acadêmicos como o mais importante filósofo japonês. Do seu trabalho é que surgiu a conhecida escola de Kyoto de filosofia.
Lista de referências para principiantes
Shunryu Suzuki, Mente Zen, Mente de Principiante
Shunryu Suzuki, Nem Sempre é Assim
Dainin Katagiri, Retornando ao Silêncio
Eihei Dogen, Shobogenzo Zuimonki (tradução Monge Marcos Beltrão Ryokyu)
Alexandra David-Neel, O Budismo do Budha
Thich Nhat Hanh, A Essência dos Ensinamentos do Budha
Philip Kapleu, Os Três Pilares do Zen
Ryotan Tokuda, Psicologia Budista
Ryotan Tokuda, Uma Antologia da Pobreza na Vida espiritual
Magda Gyoku En, O Zen na Cozinha: Princípios da Culinária Shojin
Daigyo Moriyama, Primeiros Passos no Zen.
Yoka Daisshi – Shodoka, o Canto do Satori Imediato com comentários do Mestre Taissen Deshimaru
Dalai Lama, Ética para um Novo Milênio
Shantideva, The Way of the Bodhissativa (Bodhicaryavatara)
Artigo e livro sobre o budismo no Brasil
Rafael Shoji, Uma perspectiva analítica para os convertidos ao Budismo japonês no Brasil, Revista de Estudos das Religiões, no. 2, 2002, pp.85-111 (vide referências).
Marcos Ryokyu e Elcio Shoun (Orgs.), Amigos do Tokudinho, Depoimentos.
Sítios com textos sobre o budismo Zen
www.tokuda-igarashi.net
www.marcosbeltrao.net
www.thezensite.com
Escrito por: Berti
P.S.: Este texto ganhou forma devido as discussões, ensinamentos e orientações da
Monja Magda Gyoku En e da Monja Patrícia Sei Ho. 
